O governo estendeu a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empréstimos de até dois anos tomados no exterior por bancos e empresas. Segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), a alíquota será de 6%.
Na semana passada, o governo já havia instituído a cobrança de 6% de IOF para empréstimos de até 360 dias. Com a medida anunciada hoje, será cobrado o imposto em empréstimos de até 720 dias. "Isso ajuda a evitar uma valorização excessiva do Real", afirmou Mantega.
Essa é mais uma medida do governo para tentar conter a desvalorização do câmbio. As medidas anunciadas até agora não conseguiram impedir a queda na cotação da moeda estrangeira. Hoje, a expectativa em relação ao anúncio de Mantega fez o dólar fechar cotado em R$ 1,614, uma valorização de 0,30% sobre o fechamento de ontem. O anúncio foi feito após o fechamento do mercado de câmbio. A reação do mercado ao anúncio deve ser sentida na negociação do dólar amanhã.
Mantega afirmou que a medida visa evitar a chamada arbitragem, que ocorre quando o banco pega dinheiro no exterior a taxas mais baixas e aplica em papéis no Brasil que rendem mais. Com isso, deve ter impacto também no crédito, já que diminui os recursos disponíveis. "Essa medida restringirá o crédito que vem para o Brasil. A tendência é aumentar os juros [para o consumidor] se o consumidor continuar tomando mais crédito", admitiu.
O ministro negou que as medidas anteriores não tenham surtido efeito. Segundo ele, o governo está "fazendo por aproximação", anunciando medidas e avaliando o efeito delas antes de tomar novas decisões.
"Todas as medidas que nós tomamos deram resultados. Se nós não tivéssemos tomados todas essas medidas, certamente o Real estaria muito mais valorizado do que se encontra", afirmou.
Segundo Mantega, não há decisão sobre novas restrições à entrada de dólares. "Não tem nada definido em relação a isso. Temos um rol de medidas que podemos tomar e procuramos tomar a que não interfira muito na economia. Se a gente restringir muito a entrada de crédito no exterior, pode afetar o investimento. Tem que ser uma dose do remédio que não tenha efeito colateral", completou.
FLUXO CAMBIAL
Números divulgados hoje pelo Banco Central mostram que a entrada de dólares no país superou a saída em US$ 35,6 bilhões no primeiro trimestre de 2011. Foi o maior valor verificado na série iniciada em 1982. É também mais que o dobro do recorde anterior, verificado no mesmo período de 2006 (US$ 17,7 bilhões).
O valor supera ainda em 46% o volume de dólares que entrou no país em todo o ano passado.
Fonte: Uol
Marcello da Silva Batista
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