segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pesquisa mostra que mulheres começam a fumar antes que homens

Em pesquisa feita para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou nesta segunda-feira (30) que no Brasil, entre os cerca de 25 milhões de fumantes, as mulheres começam a fumar mais cedo do que homens. No entanto, de acordo com o Inca, elas param de fumar numa proporção duas vezes maior do que a dos homens.

Segundo dados da Pesquisa Especial de Tabagismo, entre os jovens, os homens fumam 2,5 mais do que as mulheres. E entre as outras faixas etárias da população essa proporção é menor.

De acordo com a pesquisa, há no Brasil cerca de 25 milhões de fumantes com idade igual ou superior a 15 anos de idade. No entanto, de acordo com o Inca, houve queda no consumo de tabaco nas últimas décadas. De acordo com a pesquisa, 45,6% dos fumantes tentaram parar de fumar nos últimos 12 meses, o que correspondeu a cerca de 12 milhões de pessoas.

De acordo com o Inca, o estudo tem como objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.

Cigarro na economia
A pesquisa revela que o cigarro, um dos principais fatores de risco para o câncer, também causa forte impacto no orçamento doméstico. De acordo com o estudo do Inca, uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente em uma cidade do Sudeste do país gasta, por mês, somente com a compra de cigarros, R$ 128,60. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.

De acordo com o Inca, o estudo foi realizado como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do IBGE.

Segundo a pesquisa, o gasto com cigarro para um casal de fumantes de qualquer região do país chega a R$ 1.495,20 por ano. O Inca comparou o valor gasto em cigarros com o que seria gasto para comprar uma TV de LCD de 32 polegadas, um computador, ou uma geladeira duplex.

Todos os valores foram calculados com base em 2008. Naquele ano o valor do salário mínimo era R$ 415, o que levaria esse gasto com cigarro a quase quatro salários mínimos por ano.

De acordo com o Inca, segundo o Banco Mundial e o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, tabaco e pobreza formam um ciclo vicioso, que atrasa o desenvolvimento dos países.
Os maiores percentuais de fumantes no Brasil, entre ambos os sexos, foram encontrados entre a população sem instrução (25,7%) e entre as pessoas de menor renda (21,3%), o que correspondia à população que ganhava menos de meio salário mínimo por mês.
Jovens não procuram ajuda para deixar de fumar
A pesquisa fala que a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80 começa a fumar, em média, aos 17 anos. No Nordeste e no Centro-Oeste, começa-se ainda mais cedo: antes dos 15 anos de idade. O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do país.

A pesquisa revela ainda que os jovens são a parcela da população que menos procurou ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado sucessivas tentativas de parar de fumar nos últimos 12 meses.

A pesquisa foi feita em pouco mais de 51 mil domicílios, entrevistando fumantes, não fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que, de acordo com o instituto, é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo). Jovens e o tabaco
O Inca destacou como uma das informações mais relevantes da pesquisa em relação à juventude a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos: 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos. Para o instituto, esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. E fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens por meio de formatos e conteúdos diversificados.

Os jovens relataram na pesquisa um nível de dependência à nicotina elevada ou muito elevada cerca de 50% inferior ao dos adultos, o que mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população, e principalmente da prevenção, para evitar que comecem a fumar.

O nível de dependência foi medido por meio de duas perguntas: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determinou o nível de dependência que pode ser baixa, elevada ou moderada.

No período pesquisado, os jovens foram 10% mais expostos ao fumo passivo em locais públicos do que os adultos.

De modo geral, segundo o Inca, os dados demonstraram a necessidade de explorar melhor as ações de controle do tabagismo entre a população de 15 a 24 anos. Exemplo: os jovens percebem menos a propaganda antitabaco veiculada por meio do rádio. Essa constatação aponta para a necessidade de adaptar a linguagem do rádio a esse público. É também preciso reforçar as mensagens sobre prevenção e cessação tanto em rádio quanto em TV.

Cigarro em locais públicos
A pesquisa confirmou para o Inca a urgência de reforçar as recomendações da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. O Inca informou que a convenção é o primeiro tratado de saúde pública da história, ratificado por 168 países-membros da Organização Mundial de Saúde, de um total de 192. O texto determina, por exemplo, ações específicas de proteção ao tabagismo passivo.

A pesquisa ainda apontou que uma em cada cinco pessoas foram expostas à fumaça do cigarro em locais públicos em geral, sem incluir o local de trabalho, o que correspondeu a cerca de 26 milhões de pessoas, das quais 22 milhões eram não fumantes.

"É preciso que a legislação em vigor, que ainda permite fumódromos, seja alterada para impedir 100% o uso de produtos do tabaco que emitem fumaça em ambientes coletivos e fechados", alertou Liz Maria de Almeida, gerente de Divisão de Epidemiologia do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Ainda de acordo com o estudo, do total de pessoas de 15 anos ou mais, 96,1% acreditavam que fumar poderia causar doenças graves. Outro dado em destaque é a elevada percepção da relação entre o uso de tabaco e o câncer de pulmão: 94,7% do total das pessoas entrevistadas, sendo 90,6%, fumantes e 95,6%, não fumantes.

Outro problema grave é o tabagismo passivo. "Quanto mais cedo, uma pessoa é exposta ao cigarro em ambientes com fumantes, maior a possibilidade de vir a desenvolver câncer na vida adulta", conclui o cirurgião torácico e diretor do Hospital do Câncer I, Paulo de Biasi.

Marcello da Silva Batista

Favela carioca recebe projeto para valorizar turismo comunitário

A comunidade do Morro Santa Marta, em Botafogo, zona sul da capital fluminense, será a primeira favela da cidade a receber o projeto Rio Top Tour, que prevê o aproveitamento do potencial turístico a partir da inclusão social dos próprios moradores. Eles receberão qualificação profissional para atender os turistas. O mesmo vai ocorrer com os pequenos comerciantes do local.

O projeto é resultado de uma parceria entre o Ministério do Turismo e a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do estado e será lançado amanhã com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta primeira fase, o investimento será de R$ 230 mil, sendo R$ 184 mil do governo federal, e R$ 46 mil do governo do Rio de Janeiro.

A secretária de Turismo do estado, Márcia Lins, explicou que inicialmente 50 moradores vão receber treinamento para trabalhar na cadeia do turismo. No interior da comunidade serão montados estandes com informações e fixadas placas e adesivos com a promoção dos pontos turísticos do lugar. Já nos bairros próximos serão distribuídos folhetos, também, com informações de turísticas nos idiomas português e inglês.

"Estamos trabalhando em conjunto com os moradores para que o projeto garanta a inclusão social de crianças, jovens e das famílias por meio do turismo", disse Lins, destacando que um levantamento da secretaria mostra que cerca de cinco mil pessoas vivem no Morro Santa Marta.

O Sebrae (Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa) também participa do projeto, com a criação de uma linha de crédito no valor de R$ 2 milhões para os comerciantes da comunidade reformarem seus estabelecimentos. A Associação de Comerciantes do Santa Marta estima que mais de 100 donos de lojas do morro vão se candidatar à verba.

O Morro Santa Marta foi a primeira comunidade a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora e, ao visitar o local no último dia 13, o ministro do Turismo, Luiz Barreto, reiterou que este tipo de ação é fundamental para dar cidadania aos moradores da comunidade. "A natureza privilegiou este local e é possível aproveitarmos este potencial turístico de diversas formas, sempre focados na geração de emprego e renda". O ministro disse ainda que a intenção é levar o projeto para outras comunidades já pacificadas.

Acusado de executar delegado foge da cadeia

Um dos três homens que, segundo a polícia, abordaram e executaram o delegado Clayton Leão, titular da Delegacia de Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA), enquanto ele dava uma entrevista ao vivo para uma emissora de rádio, fugiu na madrugada de ontem. Reinaldo Valência de Lima, de 25 anos, estava preso na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, em Salvador. Ele e mais cinco detentos serraram as celas. Uma corda feita de lençóis também foi utilizada pelo grupo no momento da fuga.

Por volta das 4h deste domingo, os agentes que estavam de plantão na unidade perceberam a movimentação suspeita e evitaram mais fugas. Embora a capacidade do estabelecimento seja de 30 internos, 82 presos ocupavam as celas da delegacia. Muitos deles iriam sair também, caso a equipe de segurança não agisse, de acordo com o delegado Daniel Menezes Pinheiro, titular da unidade onde houve a operação de fuga.

Leão foi assassinado em 26 de maio no momento em que falava, de dentro do seu carro, com um radialista de Salvador. Três homens interceptaram o veículo do delegado e depois atiraram contra ele. A esposa de Leão, que também ocupava o veículo, não foi alvo de disparos. O delegado comentava, no momento da entrevista, o trabalho que vinha fazendo desde 2008, quando assumiu em Camaçari, no combate ao tráfico de drogas.

Ele participou da Operação Pégasus, que culminou em 10 prisões na cidade. Deflagrada em dezembro de 2008, a principal missão do trabalho dos policiais era desarticular uma quadrilha de roubo de cargas e de veículos que agia nas rodovias da Bahia. Antes disso, Leão havia se destacado como coordenador do Grupo de Repressão a Roubo a Estabelecimento Financeiro, do COE (Centro de Operações Especiais). O delegado tinha 33 anos.

Policial dá 16 tiros na mulher

Um policial civil de Passa Tempo (MG), cidade a 143km de Belo Horizonte, efetuou 16 disparos contra a própria mulher. A vítima, identificada como Rejane, teve as duas pernas quebradas e a bacia fraturada. Também foi atingida por tiros na barriga e nas nádegas. O filho de sete anos do casal assistiu à agressão. A mulher foi levada para o hospital do município, onde está internada.

Segundo a mãe de Rejane, Maria Dicinéia Cândida, o genro estava bêbado no momento dos disparos. Ela afirmou que Marcelo José Duarte sempre foi violento e já havia ameaçado sua filha de morte, encostando na cabeça dela a arma que costuma carregar, há cerca de um mês. Maria Dicinéia contou ainda que, depois de ferir Rejane na presença do filho, o policial fugiu do local do crime.

Na saída da cidade, conforme informações da polícia, Marcelo foi parado em uma blitz, mas trocou tiros com os agentes policiais que faziam a fiscalização e conseguiu fugir. O filho do casal, segundo a avó, está em estado de choque com toda a violência presenciada. Na hora do crime, Rejane e o menino haviam ido à casa de Maria Dicinéia para pegar alguns pertences dos dois que estavam no local. Até o fechamento da edição, Rejane, que tem 35 anos, continuava internada. A mãe da mulher disse que Marcelo é “louco e desequilibrado” e que espera vê-lo “atrás das grades”.

Marcello da Silva Batista

Ação na Justiça para reduzir cesarianas

Ao contrário do que acontece no sistema público de saúde, o número de cesarianas realizadas na rede particular é muito superior à quantidade de partos normais. A Organização Mundial de Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam feitos por meio de intervenção cirúrgica. O Sistema Único de Saúde está dentro desta proporção, mas a razão de partos cesários realizados no setor de saúde suplementar chega a 84% do total. Para tentar reduzir o índice de cirurgias cesarianas no país, o Ministério Público Federal de São Paulo entrou esta semana com uma ação civil pública para que a Justiça Federal condene a Agência Nacional de Saúde a regulamentar os serviços obstétricos realizados por planos de saúde privados.

De acordo com a procuradora da República Luciana da Costa Pinto, foi baseado na iniciativa de uma organização não governamental de mulheres que defendem o parto normal que o ministério entrou com a representação. “Depois de organizadas diversas audiências públicas e pesquisas, foi constatada a situação grave, em que o índice de cesarianas está bem superior ao recomendado pela OMS. Foram feitas diversas tentativas para solucionar o problema peranste à ANS administrativamente, mas, como não surtiram efeito, optamos por entrar com a ação”, explica. A ANS informou que ainda não foi informada oficialmente sobre a ação do Ministério Público, e só irá se manifestar depois de notificada.

Uma das sugestões apresentadas pelo Ministério Público é a criação de indicadores e notas de qualificação para hospitais e médicos, para que os beneficiários possam consultar os percentuais de cesarianas e partos normais remunerados pela operadora no ano anterior ao questionamento. Outra medida de incentivo ao parto normal é que os honorários médicos sejam significativamente maiores para a realização deste procedimento em relação à cesariana. Márcio Bichara, secretário de Saúde suplementar da Federação Nacional dos Médicos, acredita que essa alteração pode apresentar algum resultado, mas ainda não é o ideal. “A realização de um parto normal pode durar mais de oito horas, enquanto uma cesárea dura cerca de 40 minutos. Se a remuneração do honorário médico fosse proporcional ao tempo desprendido do profissional com a paciente, seria mais justo”, sugere.

O especialista também alerta: “Não é só a questão financeira que vai solucionar o problema. É importante trabalhar a conscientização dos médicos e das pacientes sobre os benefícios do parto normal”. Outro fator levantado pelo obstetra com relação ao aumento das cesáreas no país se refere às mudanças no perfil das gestantes. De acordo com o médico, aumentou o número de adolescentes e mulheres com mais de 35 anos grávidas. “Para essas pacientes, muitos colegas recomendam a alternativa cirúrgicas por questões de segurança”, afirma. “Além disso, as pacientes, por mais bem informadas que sejam, chegam ao consultório já decididas. Muitas delas temem sentir dor e, mesmo quando o médico tenta oferecer alternativas diferentes ou esclarecer os procedimentos, elas se mantêm firmes em suas escolhas”, diz.

Grávida do segundo filho, Carla Mesquita, 35 anos, já marcou a data do nascimento do bebê. A publicitária optou pela cesárea por medo de sentir dores fortes. “Eu não sou uma pessoa tolerante à dor. Conheço meus limites e conversei com minha médica sobre isso”, conta. Mesmo conhecendo todos os benefícios do parto normal, Carla manteve-se firma na decisão que tomou. “Minha médica é a favor do parto natural, mas, como me consulto com ela desde os 20 anos, ela conhece meu perfil e concordou que a cesárea era a melhor opção para o meu caso.” Outro fator que influenciou em sua escolha foi a experiência de amigas que também já foram mães. “Ouvi diversas histórias diferentes, algumas de partos normais muito rápidos e tranquilos. Mas outros mais demorados e sofridos. Acho que quem deve decidir isso é a mãe, a grávida”, afirma.

Há quatro anos, o Ministério da Saúde realiza a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea Desnecessária. Para o ministério, a intervenção cirúrgica só deve ser feita se houver necessidade diagnosticada pela equipe médica.
Cesariana

Vantagens
» Quando existe risco para mãe ou bebê
» Possibilidade de marcar a data do nascimento
» Processo dura cerca de uma hora, se não houver complicação

Desvantagens
» Necessidade de se submeter à anestesia
» Necessidade de fazer repouso
» Recuperação mais demorada
» Dores do pós-operatório
» Maior risco de infecções e hemorragias
» Pode ocorrer dificuldade ou desconforto respiratório ao bebê
» Maior dificuldade no processo de amamentação

Marcello da Silva Batista

domingo, 29 de agosto de 2010

De olho em um mercado de US$ 40 bi, cartéis de drogas delimitam áreas de domínio no México

Sinaloa, o maior cartel, liderado por Joaquin Guzman Loera, fugitivo de uma prisão de segurança máxima. Zetas, formado por ex-membros das forças especializadas do Exército na luta contra o narcotráfico e principal suspeito da execução de 72 imigrantes ilegais, no dia 21, no estado de Tamaulipas. Golfo, dono quase absoluto das rotas da droga desde a Guatemala até o Texas. Família Michoacana, que incorporou em seus métodos a mutilação, o enforcamento, a extorsão e o sequestro. Ciudad Juárez, engajado em uma luta com Sinaloa pelo comércio da cocaína. Os donos do narcotráfico no México não abrem mão da violência extrema, em troca da participação em um mercado que movimenta US$ 40 bilhões por ano.

Os cartéis ganharam influência na década de 1990, quando o governo da Colômbia praticamente pulverizou os cartéis de Medellín e de Cali, até então responsáveis pela introdução da droga nos Estados Unidos. “Além de terem reforçado seu poder, estabeleceram alianças com grupos criminosos europeus, para quem vendiam cocaína, e com facções asiáticas, para viabilizar a produção de metanfetaminas”, explicou ao Correio Raúl Benítez Manaut, especialista em Segurança Nacional pela Universidad Nacional do México. Um negócio que se beneficiou da dinâmica interna para repercutir no exterior.

Com 3.138km de fronteira com os Estados Unidos, o México tornou-se corredor de imigrantes ilegais, ávidos para alcançar o chamado American Dream. Para cruzar a divisa — e atravessar o território dos narcotraficantes —, contratam os chamados coiotes. “Os coiotes eram mexicanos contatados nas aduanas e nos postos migratórios para facilitar a passagem dos imigrantes, por uma quantia de dinheiro. No norte, na fronteira com os EUA, ajudam na travessia do Rio Grande. Mais recentemente, o cartel dos Zetas começou a pressionar os coiotes para que trabalhem para a facção. Isso tem provocado graves problemas de segurança”, alerta Raúl. Segundo o especialista, os Zetas e o Cartel do Golfo passaram a extorquir imigrantes guatemaltecos, salvadorenhos, hondurenhos, equatorianos, colombianos e brasileiros. “Os criminosos os sequestram para pedir resgate às famílias e usá-los como ‘mulas’, meios de transporte da cocaína através da fronteira”, observa.

Vicente Sanchez Munguia, professor do Departamento de Estudos de Administração Pública (em Tijuana), explica que os cartéis mexicanos ganharam força no controle das rotas até o norte. Praticamente tornaram-se transnacionais. “Já se tem notícias de sua presença em países da América Central, da América do Sul, da África e da Europa”, destaca. De acordo com ele, as organizações criminosas do México operam a partir de uma divisão do território — enquanto os Zetas e o Golfo travam uma batalha pela costa leste do México, o Sinaloa domina o centro-oeste. “Essas facções se especializam nos tipos de drogas que comercializam e mantêm uma estrutura verticalizada de poder: a queda de um chefe (capo) encontra substitutos imediatos”, comenta Munguia.

Simbiose
Para assegurar a manutenção de suas áreas de domínio, os cartéis do narcotráfico se beneficiam do apadrinhamento de governos regionais, que obtêm benefícios econômicos. “Eles não compram as autoridades, mas a proteção das áreas de segurança do governo”, explica Munguia. “Nos últimos anos, os governos têm sido submetidos à extorsão pelos cartéis, que controlam a polícia e ameaçam prefeitos e funcionários das províncias”, acrescenta. Raúl Benítez reconhece que os criminosos se aproveitam da corrupção, um problema endêmico na América Latina. “Os cartéis têm grandes quantidades de dinheiro para subornar políticos e policiais. Essas relações são individuais, mas suficientes para debilitar o Estado.”

A corrupção cria uma relação promíscua, que alimenta o negócio das drogas e torna os imigrantes vulneráveis. Os cartéis já controlam as rotas dos ilegais e os acessos fronteiriços. “Os criminosos têm estabelecido regras para a operação dos coiotes. E atuam para sequestrar os imigrantes cujas famílias moram nos EUA”, diz. Mandam nas autoridades, na polícia e nos imigrantes. Transformaram o México numa terra que responde à lei do narcotráfico.

Marcello da Silva Batista

Crack motiva um em cada quatro crimes no DF

O comerciante André Augusto*, 31 anos, convive com o medo. Responsável por uma padaria de uma quadra do fim da Asa Norte, incorporou à rotina diária a insegurança e a angústia. Assim como ele, quase todos os vizinhos de comércio carregam pelo menos uma história de violência no último ano. A maioria delas por conta de ações de bandidos ligados ao tráfico e ao uso de drogas. “Aqui, todo mundo trabalha com medo. Fecho às 21h. Não tenho coragem de trabalhar depois desse horário. Na hora de fechar, coloco meu carro em um lugar estratégico, tranco tudo e saio logo daqui”, contou.

O crack aparece como o principal vilão para tal comportamento. O consumo das pedras traumatiza e assusta os candangos. Assaltos, ameaças e até mortes relacionados ao entorpecente de alto poder de destruição se tornaram rotina em uma capital atormentada pelo aumento da criminalidade. Estimativa da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) revelou que 27% dos crimes registrados nas delegacias estão associados ao tráfico de drogas, principalmente do crack. “É preocupante”, resumiu o subsecretário de Planejamento e Capacitação da SSP-DF, coronel Washington Rodrigues Lima.

A porcentagem se refere à análise do total de ocorrências do primeiro trimestre deste ano e à tendência de piora do problema. Provocou ainda o I Simpósio sobre Métodos de Enfrentamento à Disseminação do Crack, realizado na semana passada no auditório do Ministério Público do DF. O subsecretário foi o mediador do encontro, que procurou sensibilizar a sociedade brasiliense sobre a gravidade da situação. Participaram diversas secretarias de Estado, entre elas Segurança, Saúde e Educação, ONGs e representantes da imprensa.

As discussões serviram para a criação de um grupo de trabalho voltado para o desenvolvimento de estratégias e organização de ações integradas contra o crack. Há representantes dos poderes Executivo e Judiciário locais, do Ministério Público do DF e de entidades sociais. A primeira reunião tem data marcada: terça-feira. “O uso do crack já provocou dois fenômenos na capital do país. O primeiro é a substituição da cola, da merla, da cocaína e até da maconha por essa droga. O outro é a associação dos viciados com outras modalidades criminosas para manter o vício”, explicou o coronel Lima.

Outra dificuldade relacionada ao flagelo desse subproduto da cocaína aparece nas ruas de Brasília e de cidades como Taguatinga e Ceilândia. É cada vez mais comum a cena de grupos de homens, mulheres e crianças reunidos em torno do crack. Usam latinhas de alumínio como cachimbo para inalar a fumaça produzida pela queima das pedras. “Efetivamente, a coisa está se banalizando, com o uso das pedras até durante o dia. Já se vê como uma epidemia. E temos de pensar em uma estratégia integrada de combate”, defendeu o subsecretário de Planejamento e Capacitação da SSP-DF.

O Correio flagrou o consumo na área central do Plano Piloto. Entre 16h30 e 17h30 da última quinta-feira, a equipe de reportagem acompanhou o tráfico e o uso da droga no vão entre a Rodoviária do Plano Piloto e a estação de metrô do terminal rodoviário. Enquanto jovens de mochilas negociavam as pedras no gramado logo acima do local, meninos maltrapilhos se entregavam ao vício na parte mais abaixo. Faziam o uso do entorpecente sem se importar com o vaivém das pessoas próximas aos vidros da estação. No fim da tarde de sexta-feira, um homem vestido de calça e camisa sociais fazia o mesmo. Mudança de rotina
O aumento da relação entre drogas e criminalidade se reflete na rotina da população. Nas quadras residenciais do fim da Asa Norte e mais próximas da W3, onde se concentra o problema do crack, comerciantes e moradores criam sistemas próprios para não se tornarem vítimas de assaltos e ameaças. O gerente de padaria André Augusto baixa as portas às 21h, uma hora antes do horário habitual. Depois de sofrer dois furtos em 2009, passou a observar tudo ao redor. “Estou sempre atento a tudo. Já chego para trabalhar às 5h30 observando tudo o que posso. Esse é o meu dia a dia estressante”, afirmou.

Do outro lado da rua, outro responsável por padaria reclama da situação. O último assalto ocorreu neste ano por volta das 21h30 de um dia de semana. O dono estava no caixa e se viu diante de três bandidos armados. Não reagiu e entregou todo o dinheiro. “A gente trabalha sempre apreensivo. Vai com a cara e com a coragem”, explicou Ana Paula*, mulher da vítima. Segundo ela, a ansiedade e a insegurança aumentam a partir das 19h. “Depois disso, não se trabalha mais com calma. É a hora em que a noite cai e não se vê mais policiamento”, denunciou.A comerciante Ana Paula acrescentou que há policiamento regular na quadra comercial — feito por duplas de policiais militares — até as 16h. A falta de proteção do governo obrigou a família a encerrar a atividade diária meia hora antes aos fins de semana. Também pensa em instalar sistema eletrônico de segurança e contratar seguranças privados. “O problema ainda aumenta no fim de semana, quando não tem polícia e fica tudo muito deserto”, disse. Lotéricas e drogarias locais também sofreram ações recentes de bandidos, a maioria associada ao tráfico e ao uso de drogas.

O medo também atinge a Asa Sul. A publicitária Janaína*, 29 anos, mudou a rotina para não ficar exposta a possíveis assaltos e sequestros relâmpagos. A moradora da 109 Sul sai mais cedo do trabalho para deixar o carro em uma vaga mais próxima à guarita do prédio. Deixa muitas vezes de sair à noite para não ficar sem um espaço para estacionar na volta para casa. “Está tudo bastante complicado por aqui. A gente ouve de casa barulho de briga e discussão. Já tomei um susto pela manhã, quando um homem veio me pedir dinheiro e estava bastante alterado”, comentou.

* Os nomes são fictícios a pedido dos entrevistados

Povo fala

Como você sente-se sabendo que a droga e, principalmente o crack, tem provocado o aumento da violência no DF?

Teodora Divina da Cunha, 47 anos, professora
“Dói muito ver seres humanos, como nós, nessa situação. Eles não têm culpa, somos os maiores culpados. Todo dia a gente vê notícia de que prenderam um traficante. Se transformassem esses bens todos que os bandidos levam em uma clínica — porque Brasília não tem, está toda desprovida —, o Brasil teria outro rumo. A rede pública não tem psiquiatra. É muito triste. Essas pessoas não têm condições de pagar R$ 250 de consulta, sem falar na fila, que é imensa”
Lucas Miranda, 18 anos, estudante
“É uma tristeza porque vejo que é uma fuga da realidade. O sistema não tem estrutura para a pessoa que está em uma situação de muita desigualdade. O governo não tem projetos sociais para tirar essas pessoas das drogas. Por que um delinquente se droga? Para desviar do frio? Para disfarçar a fome? O Estado não dá moradia, não dá as necessidades básicas. Uma pessoa que utiliza drogas para disfarçar a fome, se ela não tem dinheiro, é claro que ela vai para o crime”



Marielle de Souza Santos, 18 anos, estudante
“Quando a pessoa está viciada, ela perde a cabeça e não tem noção das coisas. Ela tem de procurar um profissional na área, porque eu acho que mexer com crack é uma doença, ela não consegue sair. A gente tem que fazer o possível para ajudar a pessoa. Eu me sinto solidária se a pessoa quer sair do crack, mas, se ela não quer sair, eu me sinto contrariada. Se a pessoa me assalta para alimentar o vício dela, eu me sinto indignada”


Jakson Silva, 19 anos, estagiário
“Eu não tenho dó, porque é uma escolha da própria pessoa. Antes de ela ficar viciada, ela tinha consciência de si própria, e, se está nesse caminho, é porque quis. Eu acho que, se ela escolheu essa decisão que a levou a essa situação, foi ela que fez isso por conta própria”

Marcello da Silva Batista

Vulcão entra em erupção após 400 anos na Indonésia

Milhares de indonésios tiveram que deixar suas casas neste domingo (29) depois que um vulcão entrou em erupção pela primeira vez em 400 anos, expelindo lava e soltando fumaça e pó a uma altura de até 1.500 metros.

O Monte Sinabung, em Sumatra, entrou em erupção perto de meia-noite (horário local) após emitir estrondos por vários dias, provocando pânico entre os residentes locais antes do início de uma retirada em massa.

Duas pessoas morreram por problemas respiratórios e outra por ataque cardíaco, enquanto outros moradores locais ficaram feridos durante acidentes nas estradas, já que caminhões, ambulâncias e ônibus foram mobilizados para participar da operação de resgate.

A Indonésia encontra-se no Anel de Fogo do Pacífico, uma área rodeada de vulcões e fraturas geológicas. A erupção fez com que as autoridades emitissem um alerta vermelho de evacuação.

As autoridades retiraram pelo menos 10 mil pessoas nas zonas altas nas encostas do vulcão de 2.460 metros e as levaram a refúgios temporários, numa zona predominantemente agrícola. Elas foram orientadas a permanecer nos refúgios por uma semana, segundo autoridades locais.

Marcello da Silva Batista

Neblina fecha aeroportos no Paraná e em Santa Catarina

A neblina provocou o fechamento dos aeroportos Afonso Pena, em Curitiba, e Ministro Victor Konder, em Navegantes (SC), na manhã deste domingo (29). O aeroporto de Curitiba fechou para pousos às 3h e ainda não reabriu. Dos 17 voos programados, oito atrasaram e três foram cancelados, segundo a Infraero. As decolagens ocorrem normalmente.

Navegantes também permanece fechado desde as 6h. Os três voos programados foram cancelados. Ainda não havia previsão de reabertura às 8h15.

O aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, funciona normalmente e não há registro de atrasos ou cancelamentos, de acordo com a Infraero.

Por volta das 7h deste domingo, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, não tinha registro de partidas e chegadas atrasadas, mas, de acordo com a Infraero, devido à neblina, o terminal operava apenas por instrumentos. Ele fechou por uma hora durante a madrugada – 2h24 até 3h28. No sábado (28), Cumbica teve o mesmo problema causado por nevoeiro.

Por causa do fechamento, três voos foram alternados em Guarulhos. Dois deles – um que vinha de Barcelona e outro de Natal (ambos da Gol) – foram para o Galeão, no Rio de Janeiro. O terceiro pousou na pista de Viracopos, em Campinas, a 97 km de São Paulo. Até as 7h, dos 33 voos programados desde a meia-noite, três haviam sido cancelados segundo informações da Infraero.

No Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital, as operações também eram feitas só com o auxílio de instrumentos, mas não havia registro de atrasos.

Marcello da Silva Batista

sábado, 28 de agosto de 2010

Residentes mantêm greve

O Ministério da Educação (MEC) encaminhou ontem à Associação Nacional de Médicos-Residentes (ANMR) a resposta ao pedido de reajuste da bolsa-auxílio da categoria em 28,7% imediatamente e mais 10% em setembro de 2011. A comissão que examina o caso, formada por representantes dos ministérios da Saúde e da Educação e dos conselhos municipais e estaduais de Saúde, não aceitou a proposta dos residentes, apresentada na quinta-feira.

O governo reiterou a oferta de aumento de 20% a partir de janeiro de 2011, feita na semana passada. “O referido percentual reflete as possibilidades orçamentárias atuais de cada entidade envolvida no financiamento do sistema e (...) constitui uma quantia expressiva, tendo em vista a estabilidade da economia e os reajustes praticados em todos os demais setores”, declararam, em ofício, os membros da comissão.

Na nota, o grupo manteve outras propostas, como a licença-paternidade de cinco dias e a elaboração de projeto de lei que garanta a ampliação do período de licença-maternidade de quatro para seis meses.

O MEC informou que novas negociações dependem do fim da greve, quando um grupo de trabalho deverá discutir formas de melhorar as condições de trabalho dos residentes e avaliar outras possibilidades de reajuste da bolsa-auxílio. O grupo será composto por membros da Federação das Santas Casas, de médicos-residentes e da atual comissão governamental, de acordo com a Portaria nº 2.352, publicada em 16 de agosto deste ano no Diário Oficial da União.

Reação
O presidente da ANMR, Nívio Moreira Júnior, criticou a atitude do governo e disse que a categoria pretende continuar com a greve. “Tendo em vista que nós mostramos que estamos abertos ao diálogo, achamos que essa posição é uma forma de intransigência. Vou consultar os representantes dos estados, mas, em princípio, a greve está mantida”, declarou. Ele disse ainda que deve apresentar ao ministério até segunda-feira, dia 30, um pedido formal de negociação.

Iniciada no último dia 17, a greve tem a adesão de 19.800 médicos-residentes, segundo a associação. Além do reajuste na bolsa-auxílio, de R$ 1.916,45 para R$ 2.658,11, a categoria reivindica a extensão do auxílio-moradia e do auxílio-alimentação a todo o país — os benefícios são concedidos somente em Brasília —, o aumento da licença-maternidade da residente de quatro para seis meses, o adicional por insalubridade e o 13º salário.

Achamos que essa posição é uma forma de intransigência. Vou consultar os representantes dos estados, mas, em princípio, a greve está mantida”
Nívio Moreira Júnior, presidente da ANMR


Solução está difícil
A greve dos funcionários do Ministério do Trabalho, que completa quatro meses, tem a solução dificultada por causa da legislação eleitoral, que veda aumentos a servidores nos meses que antecedem às eleições. A avaliação é do ministro do Trabalho, Carlos Lupi(1), que mesmo assim mantém a esperança de um desfecho favorável, ainda este ano, “por meio do diálogo”.

Lupi explicou que, para dar entrada na confecção da Carteira de Trabalho ou nos pedidos de seguro-desemprego, os trabalhadores devem procurar outras unidades, municipais e estaduais, como as agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine). “Não é só no Ministério do Trabalho. Nós temos centenas de agências, em todo o Brasil, onde se pode tirar a carteira e dar entrada no seguro-desemprego. O Ministério do Trabalhado está funcionando, só que com um percentual menor de funcionários”, disse.

Na página do ministério na internet (www.mte. gov.br), no link Locais de Atendimento, a pessoa pode ter acesso aos endereços, em cada estado, onde é possível dar entrada no seguro-desemprego e na Carteira deTrabalho. Ou ligar para a Ouvidoria do Ministério, pelos telefones 0800-610-101 — regiões Sul e Centro-Oeste, Acre, Rondônia e Tocantins — e 0800-285-0101, para as demais localidades.

1 - Recordes na geração de empregos em 2010
A geração de empregos com carteira assinada no Brasil vai bater recorde de agosto até o fim do ano, previu o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Segundo ele, o mercado de trabalho está aquecido e a economia ajuda a alavancar a abertura de vagas. “Eu prevejo que a partir de agosto teremos recordes a cada mês. A economia vai muito bem e as acomodações que deveriam ser feitas no meio do ano por conta de férias já aconteceram”, disse. A previsão é que sejam gerados este ano 2,5 milhões de vagas formais.


Peritos substitutos
O ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas, confirmou que as contratações temporárias de peritos médicos começam já na próxima semana, para minimizar o acúmulo de trabalho provocado pela greve da categoria. As contratações temporárias foram autorizadas pela Justiça. Os temporários devem atender, principalmente, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia. “Não temos ainda um número definido de médicos que serão contratados, isso está sendo decidido hoje (ontem)”, disse ele.

Segundo o ministro, todas as reivindicações feitas pelos grevistas foram atendidas, exceto a mudança na carga horária. Os peritos, em greve há dois meses, queriam trabalhar meio período e receber salário integral. Gabas, que visitou Pinhais, região metropolitana de Curitiba, lembrou que os salários da categoria melhoraram nos últimos anos. Mesmo assim, admitiu “negociar melhorias salariais dentro da carreira no próximo ano, pois este ano o orçamento já estava fechado”.

O ministro foi ao Paraná inaugurar as duas primeiras agências da Previdência no âmbito do Programa de Expansão. Em todo o país, estão sendo construídas 720 agências em 1.670 municípios. “Decidimos que as pessoas não precisariam se deslocar para locais distantes para ser atendidas, mas tivemos que enfrentar um sistema sucateado. A Previdência Social era o patinho feio do governo. Hoje brigamos por concursos públicos, porque entendemos que isso tudo é responsabilidade do Estado, não queremos pessoas dormindo em filas e cada agência é construída com boa infraestrutura, café, água, ar-condicionado e funcionários bem treinados para atender bem . E consulta pré-agendada é dignididade, cidadania.”

Marcello da Silva Batista

Porto Alegre é a capital com maior número de estudantes obesos do país

A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) mediu o peso e a altura de quase 60 mil adolescentes da 9ª série, em todas as capitais brasileiras. Conforme o levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Porto Alegre é a capital brasileira com maior número de estudantes obesos (10,5%). Na média das capitais, o percentual de obesos foi de 7,2% - Rio de Janeiro e Campo Grande ficaram na segunda e terceira posições.

O principal problema nutricional verificado pela PeNSE foi o excesso de peso, que compreende o sobrepeso (peso acima do recomendado pela OMS) e a obesidade (excesso de peso crônico, segundo a OMS). Os escolares da rede privada tinham as maiores prevalências de obesidade.

No caso do sobrepeso, as maiores frequências entre escolares também aparecem em Porto Alegre (20,1%). A menor frequência foi registrada em Palmas (10,9%). O sobrepeso é mais freqüente entre estudantes das escolas privadas.

Dos 60.973 estudantes que participaram da PeNSE, 58.971 tiveram peso e altura registrados. O déficit de peso foi observado em 2,9% da amostra, o sobrepeso atingiu 16,0% e a obesidade, 7,2% (totalizando 23,2% com excesso de peso). A maior parte dos escolares (74,0%) estava dentro do peso considerado adequado.

Dentre as informações coletadas, a pesquisa constatou que 35,8% das estudantes que se achavam muito gordas estavam, na verdade, dentro do peso adequado. Do mesmo modo, 51,5% das adolescentes entrevistadas que informaram ter tentado emagrecer estavam dentro do peso normal. Por outro lado, quase 90% dos adolescentes que tentaram ganhar peso estavam no estado nutricional adequado.

Marcello da Silva Batista

Fogo da noite para o dia

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que, da meia-noite de quinta-feira até o fim da manhã de ontem, foram registrados 1.391 focos de incêndios, e Mato Grosso foi o estado com maior incidência de queimadas, com 729 focos. Só neste mês de agosto, já são 22.730 pontos de queimadas registrados em todo o país.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o número de focos pode não refletir a gravidade dos incêndios. O ministério destaca que a situação é preocupante em sete regiões: Tocantins, leste de Mato Grosso, oeste da Bahia, algumas áreas do Piauí e de Minas Gerais, Rondônia e sul do Pará.

Ainda segundo o ministério, cerca de 10 mil pessoas estão envolvidas no trabalho de combate ao fogo, principalmente nas áreas de proteção ambiental. Desse contingente, 3 mil são dos institutos Chico Mendes e Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e 7 mil são bombeiros de todo o país.

De acordo com Raffi Agop, meteorologista e analista de queimadas do Inpe, as altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar podem colocar sob risco de fogo cerca de 70% de todo o território nacional. “A diferença entre médio risco e risco crítico não é muita. Isso depende também das condições climáticas no momento em que o foco se dissipa”, disse Agop ao portal UOL.

Em Minas, o número de focos de incêndio em unidades de conservação estaduais e federais nos primeiros oito meses de 2010 supera a soma das queimadas no estado nos últimos cinco anos, se comparado o período de 1º de janeiro a 27 de agosto. De acordo com balanço do Inpe, foram registradas 299 queimadas em Minas Gerais. Há duas semanas o Parque Nacional da Serra da Canastra, na Região Centro-Oeste, arde em chamas, com 72 mil hectares já destruídos, segundo o Corpo de Bombeiros, o equivalente a mais de um terço da área do parque, pondo em risco espécies de animais em extinção, como o lobo-guará e o veado-campeiro.

Desde 14 de agosto, bombeiros e brigadistas tentam combater incêndios na Serra da Canastra e, principalmente, evitar que as chamas se alastrem para residências e para a nascente do Rio São Francisco.

Rodovia
Três aeronaves do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade são usadas para despejar água na vegetação, além de 42 brigadistas e 27 servidores de apoio.

Antes do período de queimadas, os funcionários do parque fizeram 30 quilômetros de aceiro negro às margens da rodovia para evitar que o fogo se alastrasse mata adentro. Segundo o chefe do parque, Darlan Alcântara de Pádua, o processo se dá na queima de áreas de cerca de 20 metros de largura para que, quando houver fogo, ele não continue, uma vez que a vegetação já foi destruída.

Marcello da Silva Batista

Governo anuncia lista de 100 cidades para plano de banda larga

O governo anunciou nesta quinta-feira, 26, a lista das 100 primeiras cidades que serão cobertas pelo Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) além das 16 capitais já divulgadas anteriormente. Segundo o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, a relação contempla municípios da Região Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.

Segundo o executivo, mesmo em cidades de maior porte, a exemplo de Campinas e Guarulhos, em São Paulo, a rede será expandida para a periferia, de modo a promover a universalização do acesso à banda larga. Santanna afirmou que mais de 50% das cidades eleitas têm índice de penetração inferior a 0,19% no acesso.

Nesse primeiro momento, Santanna afirmou que a Telebrás não vai operar diretamente no fornecimento do serviço ao consumidor final. Os agentes desse processo serão pequenos provedores locais, que terão de ofertar internet com velocidade mínima de 512 Kbps ao preço máximo de R$ 35. Em 2011, 1063 outras cidades serão cobertas e, segundo o presidente da Telebrás, até 2014 todo o País terá conexão pelo PNBL.

Marcello da Silva Batista

Retrato de um país que pode parar

No início deste mês, a fila de navios à espera de autorização para atracar no Porto de Santos, maior da América Latina, bateu novo recorde: o congestionamento chegou a 119 navios parados, enquanto em dias normais esse número não passa de 10. No transporte aéreo, o Aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil, teve de fazer mutirão para liberar cargas que estavam ao relento por falta de áreas para armazenagem. Cenas como essas revelam que o alerta feito por inúmeros especialistas, vistos pelo governo como catastrofistas, não era mero achismo. O apagão logístico virou realidade no Brasil e será um dos maiores desafios para o próximo governo.

No ano passado, por causa da crise financeira mundial, os gargalos foram amenizados. Mas bastou o País reagir e crescer acima da média para os problemas voltarem com força. Na área de transporte, falta tudo. As estradas continuam em péssima qualidade, especialmente as que atendem o agronegócio, concentrado no Centro-Oeste. O mais lógico seria escoar a safra pelos portos da Região Norte. Mas grande parte dos grãos exportados sai pelos portos do Sul e do Sudeste, depois de percorrer milhares de quilômetros de estradas.

O caminho para atingir os terminais do Norte é precário, cheio de obstáculos, como é o caso da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Mas, hoje, mesmo que houvesse rodovias adequadas para escoar a produção pelo Norte, os portos da região não têm capacidade para atender toda a demanda, afirma o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Sérgio Teixeira Mendes. O resultado é que quase toda a safra vai para Santos e Paranaguá.

Apesar dos investimentos em andamento, os dois portos vivem em constante colapso. Nas últimas semanas, Santos virou um estacionamento de navios que não conseguiam atracar. Mais uma vez a culpa é de São Pedro e do aumento das exportações de açúcar. O porto não tem infraestrutura para embarcar o produto quando chove. Resultado: tudo para.

A degradação da infraestrutura do Brasil não se limita à parte logística. Um dos setores mais atrasados é o de saneamento básico. O País ainda registra números alarmantes de excluídos dos serviços públicos, considerados essenciais para o bem-estar da população. Apesar dos programas de universalização criados pelo governo, milhares de brasileiros ainda não sabem o que é ter luz e água - seja tratada ou não - dentro de casa. Telefone e coleta de esgoto são serviços que nem passam pela cabeça de muitas famílias.

O setor de energia, depois do racionamento de 2001, parece estar entrando nos eixos. Mas a tarifa cobrada do consumidor ainda é uma das maiores do mundo, alerta o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti.

1-Portos
Responsáveis por 95% do comércio exterior brasileiro, os portos viraram o grande entrave ao crescimento do País. Todo ano a história se repete: basta começar a safra de grãos para os problemas virem à tona, como as gigantescas filas de caminhões nas rodovias e de navios no mar. A situação é decorrente dos longos anos sem investimentos, que condenaram alguns terminais à estagnação e decadência.

Algumas ações tentam recuperar a capacidade dos portos, como o Programa Nacional de Dragagem (PND), mas o resultado ainda é limitado. O objetivo é atacar uma das principais deficiências dos terminais: a baixa profundidade dos canais para receber grandes embarcações. Com as novas gerações de navios, muitos portos já saíram da rota dos armadores.

O resultado foi a maior concentração de escalas no Sul e Sudeste, onde o sistema portuário já está saturado. Em Santos e Paranaguá, os maiores do País, os acessos terrestres são o maior obstáculo. Mas há também carência na infraestrutura de alguns terminais, que não conseguem operar em períodos de chuva, por exemplo.
Apesar de algumas iniciativas, a velocidade de investimentos não tem sido compatível com a demanda. A solução do problema exige atuação mais firme.


2- Ferrovias O renascimento da ferrovia no Brasil está diretamente ligado ao avanço do agronegócio e do setor mineral. Seu alcance, no entanto, ainda é muito limitado. A malha nacional tem apenas 28 mil quilômetros (km) de extensão e ainda não consegue atender áreas que se transformaram em grande produtoras de grãos, como Mato Grosso.
Mas a ferrovia brasileira não é apenas pequena. Ela também é muito mal aproveitada. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), apenas 10% das ferrovias (3 mil km) estão plenamente ocupadas. Outros 7 mil km estão sendo usados abaixo da capacidade e 18 mil km são subutilizados.

Além de pequena, ela atinge poucos setores da economia. Até o ano passado, apenas dez produtos, quase todos granéis para exportação, somavam 91% de tudo que era transportado. Só o carregamento de minério de ferro representou 74,37% da movimentação das ferrovias.
Para completar a lista de problemas, alguns gargalos reduzem a eficiência do transporte, pois diminuem a velocidade do trem. Um deles é a invasão da faixa de domínio, como a construção de casas à beira dos trilhos. No total, são 372 pontos, sendo 183 invasões de moradias. Outro problema são as passagens de nível (cruzamento de carros, por exemplo), que somam 12 mil em todo o País.


3- Rodovias
A matriz brasileira de transporte é quase toda baseada em rodovias. Hoje 60% de toda carga movimentada no País é transportada por caminhões. Teoricamente, isso implicaria ter uma malha rodoviária boa para atender à demanda, cada vez mais crescente. Mas essa não é uma realidade no Brasil, que tem apenas 11% da malha nacional pavimentada.

Hoje há estradas de terra batida que fazem parte de importantes corredores de exportação. É o caso, por exemplo, da BR-163, entre Cuiabá e Santarém. Embora pareça mais uma trilha, a rodovia é caminho para o transporte de soja exportada pelos portos do Norte. Parte da estrada está em obras. A previsão para o término é 2012.
Até o ano passado, 69% das estradas pavimentadas no Brasil eram classificadas como ruins, péssimas ou regulares, segundo a Pesquisa Rodoviária 2009, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Apenas 13,5% das estradas foram considerados ótimos e 17,5%, bons.

De acordo com o estudo, a má qualidade das estradas provoca aumento médio de 28% no custo do transporte rodoviário de carga. Só em relação ao consumo de combustível, o aumento do custo de transporte pode chegar a 5%, comparado aos veículos que trafegam em rodovias com excelente pavimentação, como as de São Paulo.

4. Aeroportos
O setor aéreo foi o último a integrar a lista de gargalos da infraestrutura nacional. No caso do transporte de passageiros, o aumento da demanda evidenciou a falta de planejamento do setor, que a exemplo das outras áreas da infraestrutura também padeceu durante décadas sem investimentos adequados.

Nos últimos anos, viajar de avião virou um teste de paciência para os passageiros, que nunca sabem se chegarão ao seu destino na data prevista. Se nada for feito com urgência, a tendência é piorar ainda mais. De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o transporte aéreo de passageiros no Brasil deve triplicar nos próximos 20 anos.

No setor de carga, a situação não é muito diferente. Com o aumento no volume de importações (superior a 40%), os terminais entraram em colapso. Os problemas são iguais aos dos portos: faltam áreas de armazenagem, instalações (câmaras refrigeradas) para produtos especiais e mão de obra suficiente para liberar as mercadorias dentro de padrões internacionais.

Sem áreas suficientes, as cargas são armazenadas ao relento, no pátio, ao lado dos aviões. Ao ficarem expostas ao sol ou à chuva, muitas mercadorias são danificadas, o que complica ainda mais o processo de retirada do produto da área alfandegária.
Em alguns casos, os terminais demoram mais para liberar a mercadoria do que o tempo que ela gastou para sair do país de origem e chegar ao Brasil. O problema também tem afetado o embarque de produtos exportados.


5. Energia
Depois de passar pelo racionamento de 2001, o setor de energia elétrica conseguiu criar uma cultura de planejamento. Pelo menos na área de geração de energia elétrica. Todos os anos, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelos estudos de novos empreendimentos, põe à disposição projetos para serem leiloados e construídos. O lado negativo é que quando não há projetos hidrelétricos para serem concedidos, a estatal recorre às térmicas movidas a óleo diesel e óleo combustível, mais caras e poluentes. De qualquer forma, o governo tem conseguido afastar o risco de racionamento.

Mas, se na geração os riscos estão mais controlados, a distribuição tem revelado sinais de saturação. No fim do ano passado e início deste ano, os brasileiros enfrentaram uma série de blecautes localizados, além do apagão de novembro, que atingiu 18 Estados. Os desligamentos provocaram a piora na qualidade da energia entregue aos brasileiros.
Em 2009, pela primeira vez desde a privatização, os indicadores superaram as metas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 17,9 horas. Na avaliação de especialistas, uma das explicações é a falta de manutenção da rede. Outro problema que atormenta os brasileiros é o preço da conta de luz, uma das mais altas do mundo por causa da elevada carga tributária.

6. Saneamento
Durante muitos anos, o atraso do Brasil no setor de saneamento básico foi atribuído à falta de um marco regulatório adequado para atrair a iniciativa privada. As novas regras vieram em 2006, depois de 20 anos de atraso, mas até hoje os investimentos não deslancharam. Nos últimos anos, o governo federal reforçou o orçamento para a área por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O problema, que antes era dinheiro, passou a ser a falta de projetos. Para conseguir o capital, as prefeituras precisavam apresentar o projeto das obras, mas boa parte não conseguiu cumprir o requisito. Resultado: uma parcela significativa da população continua sem os serviços básicos de saneamento.
Um exemplo disso é a capital de Rondônia, Porto Velho. Quase toda a cidade não tem esgoto tratado nem água potável. As obras apenas começaram a sair do papel por causa das hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, que tornaram a região mais visível no cenário nacional.

De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2008, apenas 52,5% da população brasileira é atendida por rede de esgoto. No caso do abastecimento de água, o número é melhor: 82% da população tem água em suas moradias.

Marcello da Silva Batista

No 1.º dia de audiência, defesa de Bruno tenta desqualificar Eliza

No primeiro dia de depoimento no processo por cárcere privado, sequestro e ameaça contra Eliza Samudio, a estratégia de defesa do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi desqualificar a vítima. Os advogados Márcio Carvalho de Sá e Ércio Quaresma afirmaram que os depoimentos da vítima não deveriam ser levados em consideração. "Qualquer camelô de Belo Horizonte sabe que essa menina fazia filme pornô. Que crédito tem o depoimento de uma pessoa dessas? O comportamento dessa Eliza foge a qualquer padrão médio de ética e moral da sociedade", disse Quaresma.

Cinco testemunhas da acusação foram ouvidas no Fórum de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Milena Barone, amiga de Eliza, contou que a vítima sofreu uma tentativa de aborto quando estava grávida de cinco meses do atleta.

Bruno e Macarrão chegaram na sala de audiência algemados mas, por pedido da defesa, elas foram retiradas. Eles ficarão no Rio até o fim deste processo, que pode durar 30 dias. Ainda serão ouvidas 13 pessoas relacionadas pela defesa, entre elas o diretor de futebol do Flamengo, o Zico, a presidente do clube, Patrícia Amorim, o lateral Leonardo Moura, o ex-técnico Andrade e outros dois jogadores.

A defesa informou ainda que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Eliza Samudio - que a polícia de Minas afirma estar morta - seja convocada para depor. "Ela vai ter que se apresentar e vamos fazê-la cair em contradição", disse. Indignado com a declaração, o advogado José Arteiro, que representa a mãe de Elisa, Sônia Moura, disse que a defesa de Bruno deve dizer onde Eliza está. "Se ele diz que ela está viva, ele então deve apresentá-la. A mãe vai adorar saber que a filha está viva".

Marcello da Silva Batista

PF apura ''piada de mau gosto'' publicada no exterior

A Polícia Federal de Rondônia investiga a existência de um suposto restaurante que serviria carne humana e virou notícia ontem na Europa depois que o jornal inglês The Guardian, a revista semanal alemã Der Spiegel e a agência EFE noticiaram a abertura de uma filial em Berlim. Chamado de Flimé, ele ficaria a 5 quilômetros de Guajará-Mirim e a 320 de Porto Velho.

"Isso não passa de uma piada de muito mau gosto. Estamos levantando as informações necessárias para tomar medidas judiciais cabíveis", afirmou Julio Mitsuo Fujiki, delegado da Polícia Federal de Guajará-Mirim.

Chefe de gabinete da prefeitura da cidade, Décio Keher Marques disse ao Estado que o lugar descrito "não existe".

No fim da tarde de ontem, o prefeito Atalibio José Pegorini comunicou, por meio de nota oficial, desconhecer a existência de um estabelecimento desse tipo "que fira os bons costumes e as legislações municipal, estadual e federal". Segundo a nota, uma comissão de investigação foi montada e o município cobrará judicialmente os danos causados à imagem da cidade. "Já acionamos a Polícia Federal e a Interpol", afirmou Marques.

O restaurante teria como inspiração gastronômica o hábito antropofágico dos índios Wari. E serviria carne humana proveniente de doações. O suposto dono se identifica como Eduardo Amado.

No site do restaurante - hospedado na Inglaterra e escrito em português de Portugal -, há um cadastro para quem quiser "associar-se".

Após responder a perguntas do tipo "é fumante?", há a seguinte observação: "Os membros associados do Flimé concordam em doar para o Flimé qualquer parte de seu corpo, que será determinada pelo próprio associado. O Flimé assumirá apenas os custos hospitalares."

Marcello da Silva Batista

Justiça nega pedido para que táxis e vans tenham de usar cadeirinhas

A Justiça Federal negou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamente o uso de cadeirinhas para crianças nos veículos de transporte coletivo, de aluguel, táxis e em veículos escolares. A decisão da 22ª Vara Cível é de quinta-feira, 26, e foi publicada nesta sexta-feira, 27.

O uso de cadeirinha passa a ser obrigatório a partir de 1º de setembro. Crianças de até sete anos e meio deverão ser transportadas obrigatoriamente no banco traseiro do carro utilizando o dispositivo de retenção.

Para o juiz José Henrique Prescendo "o que houve foi a regulamentação do transporte particular num primeiro momento, questão de menor complexidade, ficando para ser regulamentado em separado o transporte coletivo de crianças, questão que demanda a necessidade de estudos específicos para esses segmentos de transportes, em razão de suas particularidades, os quais estão sendo efetuados, presumindo-se, pelo que consta das informações do Contran nos autos, que tão logo sejam concluídos, haverá a regulamentação respectiva, por ato normativo complementar".

Algumas dúvidas ainda terão de ser esclarecidas através de estudos específicos. Entre as questões está: a responsabilidade pelo fornecimento do dispositivo de retenção nos ônibus, micro-ônibus e táxis é do transportador ou do responsável pela criança?

Caso a responsabilidade seja do transportador, onde levar os dispositivos, já que no caso dos táxis, podem ser necessários dois ou mais dispositivos iguais para o mesmo deslocamento?

O juiz considera ainda a possibilidade de audiência de conciliação para um possível estabelecimento de um termo de ajuste de conduta, com a finalidade de se estabelecer um prazo razoável para a conclusão da regulamentação do transporte de crianças em todos os tipos de veículos.

Marcello da Silva Batista

Com 6% de umidade, município de MS entra em emergência

Segundo a Climatempo, por volta de 15h, os termômetros da cidade registravam 35ºC e a umidade era de apenas 6%, caracterizando o Estado de Emergência. As altas temperaturas se devem à presença de uma forte massa de ar quente e seco na região, segundo a Climatempo.

Com pouca sinalização e identificação, Areal dá dor de cabeça aos moradores

Receber uma carta ou uma visita não é tão simples para os moradores do Areal quanto para os que vivem no centro de Águas Claras. Não bastasse o confuso sistema que organiza a colocação dos conjuntos edas quadras, as ruas não oferecem placas que indiquem o caminho correto do endereço desejado. Da mesma forma que os pedestres, os motoristas também não contam com uma orientação eficiente: apenas a rua principal do bairro exibe sinalização de trânsito. Moradora do Areal há 12 anos, Rosilda Machado, 44 anos, diz não entender por que a rua onde vive não tem placas como as de Taguatinga, indicando os caminhos corretos para cada quadra e conjunto. Para a dona de casa, a falta de sinalização pode ter sido o motivo do não recebimento de diversas contas telefônicas, cuja falta de pagamento levou à reclamação da companhia. “Eles ligaram dizendo que eu não havia pago, mas eu nem tinha recebido a conta. No dia em que ela chegou, já havia passado o prazo de vencimento”, reclama. A falta de uma sinalização apropriada também causou problemas ao vendedor Ricardo Aguiar, 22 anos. Em apenas seis meses morando no Areal, ele ainda encontra dificuldade de explicar onde mora. No trajeto para sua casa, perdem-se até simples entregas de pizza, assim como importantes encomendas — e, entre as que encontram o caminho, poucas são as que chegam no prazo estipulado. Após três semanas aguardando receber sua Carteira Nacional de Habilitação, Ricardo teve de ir pessoalmente a três agências dos Correios para buscar o documento, pois não sabia qual era a área que abrange a rua em que mora: Riacho Fundo, Taguatinga ou Águas Claras. “Se perguntarem onde eu moro, eu não sei dizer”.

Como muitos, Ricardo ainda não entendeu a lógica dos endereços do Areal, e a única forma que encontrou de se orientar na área é contar com as placas instaladas pelos próprios habitantes nas fachadas das casas. Alguns moradores chegam, ainda, a buscar visitas na pista principal ou a apelar para referências visuais na hora de dar direções para quem não conhece a área. Mas, quando nem assim é possível encontrar o destino, visitantes e moradores têm de apelar à consulta dos que passam por perto — nem sempre bem informados. “É meio complicado, os conjuntos vão de quatro em quatro, então fica meio confuso para quem não conhece”, tenta explicar Maxwell Tavares, 32 anos. O técnico de áudio recorre a mapas na internet para localizar sua moradia em meio às ruas sem nome e está acostumado a dar informações todos os dias para pessoas perdidas no Areal. “Quem vem pela primeira vez se assusta, é só no boca a boca mesmo.”

Só com mapa
Mesmo profissionais como o carteiro Edivaldo Ribeiro precisam do auxílio de um mapa para se situar no Areal. Familiarizado com a área há 10 anos, ele reconhece que, no início, entregar cartas no local não era tarefa fácil. “Eu tinha de perguntar aos moradores, mas nem eles sabiam. Mas com o tempo a gente vai entregando e grava os endereços.” Embora o carteiro não se perca mais procurando pelos destinatários de encomendas, ele admite que a sinalização ainda faz falta. “Antes eu trabalhava na Asa Sul, e as entregas eram mais rápidas”, compara.

Segundo a assessoria dos Correios, esse problema não é exclusivo do Areal. Áreas como Arniqueiras (também em Águas Claras), Cidade Estrutural e locais que ainda estão em processo de regularização costumam oferecer as mesmas dificuldades para o trabalho dos carteiros. Para evitar o transtorno na distribuição, o órgão aconselha que todos os moradores pesquisem os CEPs corretos de suas residências e atualizem seus endereços em cadastros de bancos, companhias telefônicas e outros remetentes.

A Administração de Águas Claras ressalta, via assessoria de imprensa, que a instalação das placas de toda a área vertical da cidade foi concluída em maio — obra que, de acordo com a Secretaria de Estado de Transporte do DF, totalizou cerca de 500 placas e R$ 200 mil em investimentos. Somente após o término dessa fase foi possível iniciar os estudos para a implementação da sinalização de endereçamento também em Areal e Arniqueiras. “Os processos estão na sequência para execução. O pedido já foi encaminhado aos órgãos competentes e eles estão tomando as providências”, garante o diretor de Obras da administração local, Evandro Jorge de Andrade.

A Subsecretaria de Infraestrutura e Transporte Público alerta que ainda não recebeu da administração a planta baixa da área, documento essencial para a confecção das placas. Somente se a planta for enviada nos próximos dias, como promete a administração, será possível a sinalização do Areal até o fim do ano. “Agora aguardamos a planta baixa do local para fazer o estudo e incluir o Areal no cronograma de atendimento de 2010”, ressalta Jorge Miura, diretor de infraestrutura do órgão. A fabricação das placas consome um mês, e outros 30 dias são necessários para a instalação das mesmas.

Marcello da Silva Batista

Polícia faz retrato falado do suspeito de assassinato no Park Way

A Polícia Civil do Distrito Federal confecciona o retrato falado do assassino do contador Gesley Nogueira Amaral, 42 anos, que morreu vítima de três facadas dentro de casa em um condomínio familiar, na manhã de quinta-feira (26/8), na Quadra 5 do Park Way. Ontem, agentes levaram a empregada doméstica da residência até a 4ª Delegacia de Polícia (Guará) para ser ouvida em depoimento. Ela é a única testemunha do crime. A mulher teria visto quando um homem invadiu a casa do contador, subiu as escadas e o esfaqueou. Gesley acabava de se vestir para ir ao trabalho, em um escritório de contabilidade em Águas Claras. Ontem, familiares e amigos se despediram dele trajados com camisetas brancas com a frase: “Saudade eterna, te amaremos para sempre”. O corpo de Gesley foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança.

As circunstâncias da morte do contador são apuradas pelo delegado Jeferson Lisboa, chefe da 4ª DP. A primeira suspeita levantada pelos familiares era de que Gesley teria sido vítima de um assalto. Porém, o assassino fugiu sem levar nada. “Nenhuma hipótese está descartada (latrocínio e homicídio)”, ponderou o responsável pela investigação. “Todos os indícios serão investigados. Acredito que terminaremos antes de 30 dias”, limitou-se a dizer, temendo atrapalhar as investigações.

Gesley morava em um condomínio fechado, onde residem quatro famílias, todos parentes da esposa dele. Os muros que cercam as casas são altos, com cerca de 4 metros de altura, e o portão elétrico fica constantemente trancado. A família ainda não sabe como o assassino entrou no condomínio. Segundo a polícia, no momento do crime havia pessoas nas outras casas do conjunto.

Na manhã de quinta-feira, por volta das 8h, Gesley era o último a sair de casa. Ele ainda se vestia para seguir até o trabalho. O carro dele estava na porta de casa. Os três filhos, de 15, 12 e 9 anos, e a esposa, que é professora, já tinham saído para a escola. A empregada doméstica — que não teve o nome revelado — também estava na residência. Ela teria testemunhado o assassinato.

A faca usada no crime — tipo peixeira — está no Instituto de Criminalística da Polícia Civil para perícia. Amostras de sangue e impressões digitais ajudarão no desempenho da investigação. “Não podemos adiantar nada. Precisamos de provas técnicas”, disse Lisboa. Com o depoimento da doméstica, os peritos vão elaborar o retrato falado do invasor. “Ainda é cedo para dizer sobre a divulgação dele.” Durante o sepultamento, os familiares não quiseram dar entrevista.

Marcello da Silva Batista

Depois de um ano, assassinatos dos Villela ainda está sem solução

Com mais dúvidas que respostas, a investigação do triplo homicídio da 113 Sul se arrasta há um ano e arranha a imagem da Polícia Civil do Distrito Federal. Agentes que começaram a apuração são acusados de plantar provas, dificultar o trabalho de colegas e até de torturar inocentes para que confessassem o crime, beneficiando, assim, os verdadeiros autores. Além de perder o caso, alguns integrantes da 1ª Delegacia (Asa Sul) passaram à condição de investigados, após a perícia apontar que a chave do apartamento onde ocorreu o crime — o 601/602 do Bloco C da SQS 113 — havia sido colocada propositalmente em uma quitiniete de Vicente Pires.

Desde o início da apuração, a polícia deteve 10 pessoas. Dessas, cinco homens chegaram a ser apontados como suspeitos de, em 28 de agosto do ano passado, terem executado a facadas o casal de advogados José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela e a principal empregada deles, Francisca Nascimento da Silva. Mas os acusados acabaram soltos por falta de provas. Entre eles, Cláudio José de Azevedo Brandão, 38 anos, Alex Peterson Soares, 23, e Rami Jalau Kaloult, 28. Os dois últimos moravam na quitinete de Vicente Pires onde, em novembro, a delegada Martha Vargas, então chefe da 1ª DP, anunciou ter achado a chave do apartamento dos Villela. Cláudio era vizinho deles. Os três rapazes ficaram presos por um mês e a delegada chegou a garantir que o triplo homicídio estava praticamente solucionado. Tudo com base em conselhos de uma suposta paranormal.

No entanto, ao assumirem o caso, os policiais da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) descobriram que, na verdade, a mesma chave apreendida no imóvel dos acusados havia sido fotografada pela perícia no apartamento das vítimas no dia em que os corpos foram encontrados, 31 de agosto de 2009. O suposto encarregado de plantar a prova contra os três rapazes seria o agente José Augusto Alves, 41 anos, braço direito de Martha Vargas quando ambos trabalhavam na 1ª DP. Na semana passada, ele acabou preso com a filha do casal Villela, a arquiteta Adriana Villela, 46 anos, e outras três pessoas, sob a acusação de atrapalhar as investigações.

A filha dos Villela está detida há 12 dias. Além dela e de José Augusto, foram presos Guiomar Barbosa da Cunha, 71 anos, ex-faxineira do casal Villela, a vidente Rosa Maria Jaques, 61, e o marido dela, João Tocchetto, 49. Os investigadores da Corvida acusam Adriana de tramar com Rosa Maria a fraude da suposta chave do apartamento dos Villela que incriminou os três moradores de Vicente Pires.

Dinheiro
Há uma semana, a diretora adjunta da Corvida, Mabel Alves de Faria, quebrou o silêncio. Em entrevista coletiva, a delegada reafirmou que Adriana Villela é a única suspeita de ser a mentora do crime. “E não podemos descartar a possibilidade de ela (Adriana) ter participado da execução”, disse Mabel. No entanto, o inquérito não está concluído e a polícia, até agora, não divulgou provas contundentes da autoria do crime. No mesmo dia em que a delegada veio a público, Carolina e Augusto Villela, filha e irmão de Adriana, respectivamente, divulgaram nota em repúdio às acusações da polícia contra Adriana.

No despacho em que decretou a prisão temporária do grupo dos cinco, o juiz Fábio Francisco Esteves, do Tribunal do Júri de Brasília, afirmou haver indícios contra Adriana Villela. A filha de José Guilherme e Maria Carvalho teria interesse no patrimônio milionário dos pais. “Os indícios de envolvimento de Adriana na morte dos pais e de Francisca assentam-se em provas testemunhais que atestam os conflitos por dinheiro entre ela e o pai”, escreveu o magistrado.

A situação da filha dos Villela se complicou quando os agentes apreenderam duas cartas, no escritório dos pais, em 27 de outubro de 2009. O teor delas revela, segundo a polícia, conflito entre Adriana e sua mãe por causa dos bens da família. Fábio Esteves destacou que Adriana, segundo testemunhas, vinha se desentendendo principalmente com Maria Carvalho, “administradora das finanças do casal”.

O juiz apontou outras questões que implicariam Adriana. “Há provas materiais, impressões digitais no apartamento das vítimas, local que (Adriana) pouco frequentava, além de sua extrema mobilização no dia do crime, a fim de criar um álibi, findando com a constatação de seu nada usual comportamento”, observou.

Dos cinco presos temporariamente, apenas a filha dos Villela continua detida no Presídio Feminino do Distrito Federal, no Gama. Os outros tiveram o pedido de habeas corpus (HC) aceito ao longo da semana. O de Adriana foi negado em caráter liminar. Havia a expectativa de que o mérito do HC de Adriana fosse julgado na última quinta-feira pela Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF e Territórios. No entanto, a procuradora Marinita Maria Silva só entregou o seu parecer sobre o caso ontem. O desembargador relator não estava mais na Corte, mas o processo foi encaminhado para a casa dele. A próxima sessão da Turma Criminal, porém, só está prevista para 2 de setembro (1).

Nos três meses em que o caso esteve sob responsabilidade da delegada Martha Vargas e sua equipe, os agentes da 1ª DP ora trabalhavam com a hipóteses de crime encomendado, ora com latrocínio (roubo com morte), ora com ambas. De qualquer forma, sempre faltaram provas para sustentar uma delas. O que mais dificultou o trabalho de investigação foi a ausência de uma testemunha-chave. Não apareceu ninguém que tenha visto ou ouvido algo da ação criminosa, apesar de as três pessoas terem sido mortas em um prédio com 36 apartamentos e num horário de grande movimento.

1 - Votação na OAB
Também em 2 de setembro, a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Distrito Federal (OAB-DF), vai votar se há motivos que justifiquem a intervenção nas investigações, pedida pela defesa de Adriana Villela. Em documento entregue à entidade, os advogados da arquiteta afirmam que os policiais primeiro a elegeram como suspeita para, depois, buscarem provas para a tese. Na mesma seção da Ordem, os conselheiros analisarão denúncia feita pelos três homens presos em Vicente Pires. Eles acusam agentes da 1ª DP de os terem torturado para confessar a autoria do crime da 113 Sul.

Marcello da Silva Batista

SECA

Há 93 dias sem chuva, moradores do DF sofrem com baixos índices de umidade

Se comparado com 2009, o período de seca em Brasília este ano está pior. Há 93 dias não cai uma gota de água em Brasília. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as altas temperaturas e a baixa umidade do ar são esperadas em agosto, que é o mais seco do período de estiagem. Em 2010, porém, essas características estão mais intensas. Ontem, foi registrado o dia mais quente do mês, quando a temperatura atingiu 30º e a umidade, 22%. A previsão do instituto é que as primeiras chuvas venham no próximo mês, com precipitações moderadas, de pouca duração, com ventos fortes e irregulares. “Ainda não temos previsão de quando vai chover, mas, geralmente, o período de estiagem termina na segunda quinzena de setembro”, explica a meteorologista Márcia Seabra.

As chuvas só tendem a aumentar de dezembro a janeiro de 2011.Antes do período de seca, o Inmet registrou este ano menos da metade do índice de precipitações em maio em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de umidade do ar acompanha a tendência e está muito abaixo do que a registrada em outros anos. Para hoje e amanhã, a previsão é de que a taxa fique entre 20% e 60%. O menor índice da semana foi registrado na terça-feira, com 18%. “Abaixo de 30%, fazemos uma notificação de alerta às autoridades públicas”, diz Márcia. Em junho, foi registrado o menor índice de umidade, que bateu 15%. Em agosto, a menor taxa foi de 16%. As temperaturas também estão acima da média prevista pelo Inmet. As máximas ultrapassaram os 28º esperados para agosto. Já as mínimas, previstas para 16º, acabaram mais baixas, na casa de 14º.

Poeira
Com o boom do mercado imobiliário no DF, algumas cidades viraram verdadeiros canteiros de obras, onde é fácil encontrar muita poeira. Com ajuda do vento, a poeira acaba tomando as casas e apartamentos. Jucimara Cardoso Neto, 33 anos, conta que tudo é válido para diminuir o mal-estar da seca. “Sempre passo um pano úmido no chão e nos móveis. Procuro deixar a casa sempre limpa para evitar problemas respiratórios e na rua, saio sempre com um guarda-chuva para me proteger do sol quente”, relata a moradora de Samambaia Norte. Mas essas são apenas algumas das medidas adotadas por ela. Jucimara também utiliza recipientes com água para garantir mais conforto durante a noite. “Coloco sempre as bacias em todos os quartos da casa para que possamos dormir melhor. Além disso, uso toalhas úmidas nas portas. Isso ajuda muito”, garante a manicure.

A secura e a poeira não são os únicos problemas enfrentados pelos brasilienses. Neste período, é registrado pelo Corpo de Bombeiros um grande número de ocorrências diárias de queimadas. Segundo os bombeiros, até a última quinta-feira foram registrados 1.286 focos de incêndio em todo o DF, o equivalente a 3.153 hectares. Em relação ao ano passado, a taxa aumentou mais de 100%, já que foram detectados 597 focos. Apenas em agosto deste ano, já foram 569.

Em casa ou no trabalho, a recomendação é não utilizar umidificadores, pois muitos micro-organismos ficam no ar e na água do aparelho. A prática de esportes não está proibida, desde que realizada nos primeiros horários da manhã ou à noite. É importante tomar cuidado com a desidratação. Com as crianças e com os idosos é preciso ainda mais cautela. É importante evitar grande exposição ao sol das 10hs às 16h, mas, caso não seja possível, é fundamental usar filtro solar, chapéus ou guarda-chuvas. É recomendável beber bastante líquido, preferencialmente água.

Marcello da Silva Batista

Na Venezuela, candidato da oposição faz rifa de implante de silicone

O economista Gustavo Rojas, 34, analisou seu mercado eleitoral na Venezuela e não teve dúvidas: lançou uma rifa de implante de silicone para ajudar a financiar sua campanha para deputado da Assembleia Nacional.

"Na Venezuela há um bom mercado para esse tipo de cirurgia, isso é inegável. E nos setores populares é uma oportunidade de tentar realizar suas aspirações", disse Rojas, do partido oposicionista Primeiro Justiça.

No país de Hugo Chávez, a operação para aumentar os seios é uma febre há anos, com 30 mil intervenções por ano. O volume das próteses também é cada vez maior.

Embora Chávez já tenha criticado a moda na TV, até um banco estatal oferece financiamento para o tipo de cirurgia, cuja versão mais simples custa em torno de US$ 700 (câmbio oficial), com próteses chinesas, consideradas de pior qualidade.

Rojas, que é professor da prestigiosa Universidade Católica Andrés Bello e concorre como suplente, afirma que a rifa "está vendendo bastante". Cada bilhete para o sorteio em 17 de setembro custa US$ 5,8 (câmbio oficial).

"Muitos empresários têm medo de doar para oposicionistas temendo alguma represália fiscal ou administrativa do governo", diz.

"Quase não tínhamos feito publicidade até hoje", continua o candidato, que defendeu que a rifa era "legítima" no jornal "El Universal". Na internet, o material de divulgação dizia "ganhe uma mamoplastia de aumento ou coloque na sua mulher".

Mas a criatividade de Rojas não agradou a todos os eleitores oposicionistas. No Twitter, um deles pediu para o candidato fazer uma "rifa de cérebros" para ele próprio ganhar. Mas outro apoiou: "é preciso fazer as pessoas votarem maciçamente".

Marcello da Silva Batista

Atentados promovidos por traficantes levam caos ao México

Em atos mais afeitos a grupos terroristas, o narcotráfico mexicano respondeu com carros-bomba, novas chacinas e o desaparecimento de um promotor à pressão do governo pelo massacre de 72 imigrantes ilegais, na última segunda-feira, informa a reportagem de Gabriela Manzini, enviada especial a Matamoros.

Dois carros-bomba explodiram ontem em Ciudad Victoria -capital do Estado de Tamaulipas, o mesmo de San Fernando, onde foram encontrados os corpos. Um deles provocou danos materiais na sede local da emissora Televisa, a maior do país.

O episódio foi interpretado como uma tentativa de intimidar a mídia local.

Segundo o presidente mexicano, Felipe Calderón, o promotor Roberto Jaime Suárez, que investigava o massacre de San Fernando, está desaparecido há dois dias.

Ele chegou a ser declarado morto, após dois corpos terem sido encontrados em uma estrada, mas depois a notícia foi desmentida por Calderón.

Também ontem, foram encontrados mais oito corpos em Ciudad Juárez e 14 em diferentes lugares de Acapulco -alguns, segundo a polícia, vendados e cobertos por um papelão com mensagens intimidatórias (não divulgadas) a cartéis de drogas rivais.

Calderón admitiu que a narcoviolência tende a aumentar: "A única maneira de detê-los [traficantes] é com a força pública, o que vai trazer, ao menos no curto prazo, também violência".

Marcello da Silva Batista


Analista da Receita nega participar de suposto esquema de venda de sigilo fiscal

A analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva negou na noite de sexta-feira (27) fazer parte de qualquer grupo que venda informação de contribuintes e afirmou "desconhecer" o fato de que uma de suas senhas tenha sido utilizada irregularmente.

Sigilos de donos das Casas Bahia e de Ana Maria Braga foram acessados
Oposição vai processar Dilma por crime eleitoral no caso da violação de sigilos
Além de EJ, mais três ligados a Serra tiveram sigilo fiscal violado
Serra diz que violação de sigilo de tucanos mostra 'tática suja' do PT
Justiça autoriza acesso de tucano à investigação da Receita sobre vazamento de dados
Corregedoria da Receita vê indício de balcão de venda de informações sigilosas

Ela é uma das três servidoras investigada pela Receita Federal por suposto acesso ilegal aos dados de imposto renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros tucanos.

"Nego veementemente meu envolvimento em qualquer tipo de esquema e reafirmo que não acessei irregularmente os dados fiscais de nenhum dos contribuintes citados", afirmou a servidora por meio de nota divulgada pelo Sindireceita (Sindicato Nacional das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil).

A analista afirmou que colabora com a investigação e que abre seus sigilos bancário e telefônico. Antonia disse ainda que "desconhecia" até o momento da abertura do processo disciplinar que uma de suas senhas tivesse sido utilizada "irregularmente" para acessar os dados fiscais dos contribuintes.

Na nota, a servidora diz que uma de suas senhas era compartilhada "única e exclusivamente em função do volume de trabalho" e que nunca foi filiada a partidos políticos.

OUTROS ACESSOS

Além de Eduardo Jorge, servidores da Receita imprimiram sem motivação profissional também as declarações de Imposto de Renda do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor da Previ Ricardo Sérgio e de Gregorio Marin Preciado, primo de Serra.

As informações fiscais dos três tucanos foram acessadas nos terminais de três funcionárias da agência do fisco em Mauá (SP), mesmo local de onde foram retiradas as cópias das declarações de EJ.

Antonia Aparecida Neves Silva, Adeilda Ferreira dos Santos e Ana Maria Cano são as principais suspeitas da violação do sigilo fiscal dos dirigentes tucanos.

A oposição vai ingressar na Justiça Eleitoral com uma ação contra a candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff (PT), por considerar sua campanha foi responsável pela quebra de sigilo. DEM, PSDB e PPS acusam Dilma de crime eleitoral, uma vez que os dados fiscais dos tucanos seriam usados em um dossiê montado pelo grupo que atuou na pré-campanha da petista.

Leia a íntegra da nota divulgada pela servidora:

"Em face dos vários pedidos de entrevista exclusiva solicitados pela imprensa, declino novamente desses pedidos, porém, apresento os seguintes esclarecimentos:

1) em primeiro lugar, o processo administrativo é sigiloso e sendo servidora da Receita Federal, só me cabe acatar e respeitar todos os seus trâmites legais para apuração dos fatos, em especial a realização de todas as perícias técnicas necessárias; desta forma, a insistência por interrogatórios fora dos procedimentos do processo administrativo, evidentemente, é inoportuna e iria tumultuar o andamento do referido processo; em razão disso, peço-lhes paciência e respeitem meu silêncio no atual momento;

2) em segundo, o vazamento do meu nome, com conotação tendenciosa, posto que sem o teor de todos os fatos apurados/em apuração, só trouxe transtornos a toda a minha família, motivo mais que suficiente para não intensificar essa exposição;

3) não obstante esses motivos, quanto aos fatos estranhamente vazados para a imprensa e as últimas notícias divulgadas sobre suposto esquema de compra e venda de informações, com ilações sem fundamento relacionando meu nome, nego veementemente meu envolvimento em qualquer tipo de esquema e reafirmo que não acessei irregularmente os dados fiscais de nenhum dos contribuintes citados nos jornais;

4) Esclareço que, nos meus 15 anos de servidora da Receita, sempre procedi com lisura, bem assim meus superiores para comigo, e desconhecia até o momento da abertura do processo disciplinar que uma de minhas senhas tivesse sido utilizada irregularmente para o fim de acessar os dados fiscais dos contribuintes precitados; estou colaborando plenamente com os trabalhos da Comissão para que a verdade seja apurada, inclusive com a abertura de meu sigilo bancário, telefônico, o que for preciso, pois nada tenho a temer quanto 'a prestação de qualquer prova;

5) aliás, quanto ao compartilhamento de uma das minhas senhas necessárias para acessar o Sistema, o que me pôs no foco de toda a apuração dos fatos, este deu-se ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE em função do volume de trabalho, o qual em razão de todo o meu histórico no órgão, por falha gerencial, agora sei, priorizei em detrimento da minha própria segurança, motivo pelo qual tenho total interesse na apuração correta e EQUILIBRADA, na forma do devido processo legal, pois sinto-me vítima em todo esse processo;

6) por último, para pôr um fim às especulações forçadas, desconheço nos autos qualquer indiciamento sobre os fatos divulgados hoje na imprensa e mais uma vez, reafirmo que não sou e nunca fui filiada a qualquer partido político, assim como o meu marido.

Marcello da Silva Batista

Netinho empata com Quércia em pesquisa Datafolha e disputa em SP fica acirrada

O cantor, apresentador e vereador Netinho de Paula (PC do B) subiu sete pontos desde o início do horário eleitoral e já está empatado tecnicamente em segundo lugar com Orestes Quércia (PMDB) na disputa por uma vaga de senador por São Paulo.

Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 23 e 24, Netinho passou de 17% para 24% de intenção de voto, enquanto Quércia oscilou de 25% para 26%. A margem de erro é de dois pontos.

Marta Suplicy (PT) manteve o mesmo patamar de 32% e continua liderando a disputa paulista.

O senador Romeu Tuma (PTB), que tenta a reeleição, caiu para a quarta posição, com 16% (tinha 23%). Ciro Moura (PTC) aparece em quinto, com 13%, e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) cresceu quatro pontos e chegou à sexta posição, com 9%.

Mais atrás estão Moacyr Franco (PSL), com 7%, Ana Luiza (PSTU), com 4%.

Em seguida vêm Ricardo Young (PV), Afonso Teixeira (PCO) e Serpa (PSB), com 2% cada um, e Marcelo Henrique (PSOL), Dirceu Travesso (PSTU), Mazzeo (PCB) e Ernesto Pichler (PCB), com 1% um.

Doutor Redó (PP) foi citado, mas não atingiu 1% das menções.

Votariam em branco ou anulariam o voto para as duas vagas 8%, e para uma das vagas, 13%. Não sabem em quem votar para uma das vagas 24%, e 14% estão indecisos com relação aos dois votos.

Foram ouvidos 2.088 eleitores em 59 municípios de São Paulo. Contratada pela Folha e pela Rede Globo, a pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 25.451/2010.

Marcello da Silva Batista

Rio Indo volta a inundar e ameaça cidade no Paquistão

Mais quatro aldeias foram inundadas nas últimas horas no sul do Paquistão, onde as autoridades estão evacuando uma cidade que fica próxima à foz do rio Indo devido o risco de ser alagada pelas águas, informou neste sábado à agência EFE uma fonte oficial.

"A represa de Kotri está recebendo uma grande quantidade de água nas últimas horas. De quatro a cinco aldeias foram inundadas", explicou um porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres.

A cidade de Thatta, que fica na província de Sindh e situada no delta do Indo, corre grave risco porque os muros de contenção preparados podem "não resistir" e ceder.

Por esta versão, as autoridades evacuaram as regiões que corriam riscos, cerca de 80% da população de Thatta.

A situação de alerta máximo continuará nos próximos dias na província de Sindh, a última afetada pelas inundações que devastaram todo o país de norte a sul.

Dados das autoridades apontam que nesta região as inundações alagaram mais de 5 mil localidades deixando 3,7 milhões de desabrigados até o momento.

A catástrofe, que começou há um mês, causou a morte de ao menos 1.639 pessoas e afetou entre 17,2 milhões e 20 milhões de habitantes em todo o Paquistão.

PB: presos PMs suspeitos de pertencer a grupo de extermínio

Em operação para desarticular supostos grupos de extermínio e tráfico de armas na Paraíba, pelo menos 15 pessoas, entre elas nove policiais militares e um agente penitenciário, foram presas na sexta-feira. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a operação Águas Limpas aconteceu nas cidades de Brasília e João Pessoa, mobilizando cerca de 222 policiais federais. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Os agentes apreenderam munição, armas de fogo e silenciadores em Brasília. Um PM foi preso sob acusação de comercializar armas, abastecendo organizações criminosas de João Pessoa. Os presos prestaram depoimento em na capital paraibana e depois foram transferidos para um presídio e para celas de batalhões da Polícia Militar.

Marcello da Silva Batista

A guerra no Iraque "está prestes a terminar", o país é "soberano" (Obama)

VINEYARD HAVEN, EUA, 28 Ago 2010 (AFP) -O presidente Barack Obama afirmou neste sábado que "a guerra está prestes a terminar" no Iraque, país "soberano e independente", a três dias da data fixada para o final da missão de combate americano no país.

"Terça-feira, após mais de sete anos, os Estados Unidos vão pôr um ponto final à sua missão de combate no Iraque, ultrapassando uma etapa importante na parada responsável da guerra", declarou Obama em seu pronunciamento semanal radiofônico.

Obama, que passa neste sábado o último dia de férias em Martha''s Vineyard (Massachusetts, nordeste), fará na noite de terça-feira um discurso televisado, para marcar a data simbólica, transmitido do Salão Oval da Casa Branca.

"Quando candidato, prometi que poria um ponto final a esta guerra. Enquanto presidente, é o que estou prestes a fazer. Fizemos retornar mais de 90.000 soldados desde que tomei posse nas funções", lembrou Obama.

Os efetivos do exército americano no Iraque ficaram, nesta semana, abaixo do teto simbólico de 50.000 soldados. Mais de 4.400 perderam a vida no país desde a invasão de 2003, segundo dados da AFP fundamentados no site independente www.icasualties.org.

De acordo com as promessas de Obama, a missão de combate americana deve terminar oficialmente no dia 31 de agosto. Os soldados restantes, encarregados "de aconselhar e de ajudar" o exército iraquiano, deverão, quanto a eles, deixar o país no final de 2011.

"No final de contas, o que é importante é que a guerra está terminando. Como todo o país soberano e independente, o Iraque é livre para tomar suas próprias decisões sobre o futuro. Até o final do ano que vem, todos nossos soldados estarão de volta", destacou o presidente.

Obama aproveitou a ocasião para estimular novamente os americanos a honrar os militares que serviram no Iraque, através de mensagens de saudação em sites de socialização como YouTube, Facebook, Flickr ou Twitter - uma operação lançada na véspera pela Casa Branca.

"Um debate vigoroso sobre a guerra no Iraque foi realizado em nosso país. Houve patriotas que apoiaram" a invasão do Iraque, "e patriotas que se opuseram", admitiu o presidente no dia 2 de agosto, em Atlanta (Geórgia, sudeste), durante um discurso para ex-combatentes portadores de deficiência causada por ferimentos de guerra.

"Mas não houve jamais diferenças entre nós para apoiar os mais de um milhão de americanos que usaram uniforme no Iraque", havia dito, reiterando que nenhum deles seria abandonado.

Obama reafirmou neste sábado o compromisso, falando sobre uma reforma do secretariado dos ex-combatentes, distribuindo cuidados maiores para com os ex-militares que sofrem de síndromes pós-traumáticas, e a concessão de bolsas de estudo a ex-soldados, semelhantes às que foram estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial.

Marcello da Silva Batista

Manifestação de apoio a Bruno foi ideia da noiva do goleiro

Preso pela acusação de ter mandado matar a ex-amante Eliza Samudio, o goleiro Bruno foi recebido, na quinta-feira, na porta do Fórum de Jacarepaguá por gritos de apoio de torcedores, que não se importaram com os xingamentos de outro grupo. A surpreendente manifestação foi organizada por Ingrid Oliveira, 26 anos, noiva do jogador. Segundo amigos da jovem, ela confeccionou cartazes, convocou torcedores rubro-negros e acompanhou, de longe, a homenagem ao atleta.

Apesar da desaprovação da família, Ingrid decidiu tomar a frente da defesa de Bruno depois de visitá-lo, no sábado, no Presídio Nelson Hungria, em Nova Contagem (MG). Aos amigos, a dentista desabafou sobre o dia na cadeia e garantiu que manterá o relacionamento, ainda que o goleiro seja condenado pela morte de Eliza.

Em julho, em entrevista ao jornal O DIA, Ingrid disse que não iria visitar Bruno na cadeia, apesar de não acreditar que ele tivesse matado Eliza. Na ocasião, ela disse que havia retirado o anel de noivado, pois se sentira humilhada ao descobrir que o goleiro tinha outra namorada (Fernanda Gomes Castro, também acusada de envolvimento no crime).

Trinta dias no Rio
Segundo amigos, durante a vista na cadeia, Ingrid ficou arrasada ao ver o goleiro, mais magro, com o uniforme do presídio. Ela disse que acreditava na inocência de Bruno, e ele afirmou que se arrependia da vida que levava.

Bruno ficará no Rio 30 dias para audiências do processo que também apura denúncias feitas por Eliza de que foi obrigada a ingerir abortivos. Segundo policiais que acompanharam o goleiro, ele disse que estava emocionado em voltar à cidade onde morou e que chorava quando via, pela TV, o Flamengo em campo.

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

Marcello da Silva Batista