sábado, 28 de agosto de 2010

Manifestação de apoio a Bruno foi ideia da noiva do goleiro

Preso pela acusação de ter mandado matar a ex-amante Eliza Samudio, o goleiro Bruno foi recebido, na quinta-feira, na porta do Fórum de Jacarepaguá por gritos de apoio de torcedores, que não se importaram com os xingamentos de outro grupo. A surpreendente manifestação foi organizada por Ingrid Oliveira, 26 anos, noiva do jogador. Segundo amigos da jovem, ela confeccionou cartazes, convocou torcedores rubro-negros e acompanhou, de longe, a homenagem ao atleta.

Apesar da desaprovação da família, Ingrid decidiu tomar a frente da defesa de Bruno depois de visitá-lo, no sábado, no Presídio Nelson Hungria, em Nova Contagem (MG). Aos amigos, a dentista desabafou sobre o dia na cadeia e garantiu que manterá o relacionamento, ainda que o goleiro seja condenado pela morte de Eliza.

Em julho, em entrevista ao jornal O DIA, Ingrid disse que não iria visitar Bruno na cadeia, apesar de não acreditar que ele tivesse matado Eliza. Na ocasião, ela disse que havia retirado o anel de noivado, pois se sentira humilhada ao descobrir que o goleiro tinha outra namorada (Fernanda Gomes Castro, também acusada de envolvimento no crime).

Trinta dias no Rio
Segundo amigos, durante a vista na cadeia, Ingrid ficou arrasada ao ver o goleiro, mais magro, com o uniforme do presídio. Ela disse que acreditava na inocência de Bruno, e ele afirmou que se arrependia da vida que levava.

Bruno ficará no Rio 30 dias para audiências do processo que também apura denúncias feitas por Eliza de que foi obrigada a ingerir abortivos. Segundo policiais que acompanharam o goleiro, ele disse que estava emocionado em voltar à cidade onde morou e que chorava quando via, pela TV, o Flamengo em campo.

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

Marcello da Silva Batista

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