Cientistas políticos consultados pela Agência Estado admitem que nunca na história deste País um presidente conseguiu transferir tamanho porcentual de intenção de votos para seu candidato e influenciar o pleito regionalmente. E mais uma vez, a sucessão de escândalos envolvendo figuras importantes de sua administração, como a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, não foram suficientes para abalar os seus elevados índices de popularidade. É o que o cientista político e pesquisador da PUC e FGV de São Paulo Marco Antônio Carvalho Teixeira classifica de "efeito teflon", onde nada de negativo gruda na imagem do presidente. E, neste pleito, valeu também para a sua afilhada política e nova presidente do País.
Segundo Carvalho Teixeira, o fator predominante que ancorou toda essa popularidade do presidente resume-se a um só: a economia brasileira em alta. "Isso leva comida à mesa do brasileiro e dinheiro no bolso, motivos suficientes para o eleitorado, sobretudo das camadas mais populares, terem apostado na continuidade e na candidata de Lula".
Apesar do fator predominante da economia em alta, o sociólogo Carlos Melo, professor de Sociologia e Política do Insper, faz um alerta de que a popularidade de Lula, ancorada na economia, não será suficiente para garantir o grande desafio que o Brasil enfrentará nas próximas décadas.
Carlos Melo destaca que o Brasil precisa dar um salto qualitativo nos próximos anos e isso exigirá planejamento e bons projetos de infraestrutura, inteligência, coesão, liderança e instituições sólidas. E, no seu entender, esse debate ainda não ocorreu no País, principalmente numa campanha presidencial que teve como foco principal os escândalos e discursos vazios.
"O desenvolvimento econômico e a inclusão social, que até aqui apenas ensaiamos, dependerão muito da condução política que se dê ao País, incluindo reformas, boas escolhas, articulação de qualidade e visão de futuro", reitera Melo. Para os analistas, a estrela do presidente Lula tem que brilhar também na administração de Dilma, pois o sucesso de sua gestão vai depender muito da sua capacidade de articulação política.
Fonte: Abril
Marcello da Silva Batista
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