sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Exército colombiano plantou GPS em botas para localizar líder morto das Farc

Botas militares equipadas com sistema de localização via GPS ajudaram o Exército a localizar o líder da Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Jorge Briceño --conhecido como Mono Jojoy-- na selva de La Macarena.

Segundo a radio RCN, citada pelo jornal espanhol "El Pais", a inteligência colombiana conseguiu interceptar uma comunicação da guerrilha na qual Jojoy --que tinha ferimentos nos pés devido ao diabetes-- pedindo calçados novos, e enviou botas para o líder do grupo sem que ele percebesse que havia sido instalado um sistema de GPS. Com isso, seus movimentos passaram a ser rastreados e houve uma primeira tentativa de matá-lo em um bombardeio, sem se obter êxito.

O líder da guerrilha se mudou então para outro acampamento, que foi bombardeado na madrugada desta quarta-feira e onde ele morreu. "Foi uma operação cirúrgica, porque não era dirigida a desmantelar o acampamento. Sabíamos que ele tinha o costume de levantar-se por volta das 4h da manhã para consultar documentos (...), por isso ficou decidido que o ataque seria às 2h da manhã", disse o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, citado pelo "El Pais".

Mais cedo, o ministro da Defesa da Colômbia, Rodrigo Rivera, havia anunciado a confirmação oficial do corpo de Jojoy. "Podemos dar a confirmação, não apenas morfológica, mas científica da identidade deste chefe", disse o titular, ao informar que recebeu a notícia da correspondência das impressões digitais do guerrilheiro.

Os restos mortais foram transportados nesta madrugada para Bogotá.

MEDICAMENTOS E ROLEX

O ministro acrescentou que, ao lado do corpo de Mono Jojoy --cujas primeiras imagens foram divulgadas durante a madrugada pelo Ministério da Defesa-- os militares acharam os medicamentos que ele usava para a diabete.

Rivera também afirmou que o chefe militar das Farc utilizava um relógio da marca Rolex "muito fino" e que no acampamento bombardeado foram achados "mais de 20 computadores, 68 memórias USB e três discos externos", que serão inspecionados pelas autoridades.

A ação faz parte da ofensiva militar do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, após as primeiras mortes de agentes registradas sob seu governo e atribuídas a guerrilheiros.

Santos anunciou ontem a morte do chefe militar por meio de uma mensagem via seu celular. Ele classificou a morte de Jojoy como a queda de um "símbolo de terror" e afirmou que se trata de uma "notícia histórica para o país".

Ao chegar à sede da ONU para a 65ª Assembleia Geral, Santos afirmou que se reuniu com o ministro de Defesa e comandantes militares para preparar a operação contra as Farc. Segundo o presidente, participaram mais de 30 aviões e cerca de 27 helicópteros.

CONFRONTO

A operação é considerada um dos golpes mais duros contra a guerrilha que, após mais de 40 anos de existência, encontra-se bastante fragilizada. A ação é parte da ofensiva militar anunciada por Santos após mais de 40 agentes terem sido mortos por supostos guerrilheiros nas primeiras semanas de seu mandato, iniciado em 7 de agosto passado.

Mais 20 guerrilheiros morreram durante a operação, indicou o governo colombiano. A morte de Mono Jojoy seria o mais duro golpe contra o grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde que seus dois principais dirigentes morreram em 2008.

Havia uma recompensa milionária para a captura de Mono Jojoy, cujo nome de batismo era Víctor Julio Suárez Rojas. Ele fazia parte das Farc desde 1975 e era membro do secretariado --a instância máxima política e militar da organização--, sendo considerado o líder da chamada "linha dura" da guerrilha.

Além de terrorismo, Mono Jojoy estaria implicado em crimes de narcotráfico, pelo qual era alvo de inúmeras ordens de apreensão e um pedido de extradição.

Marcello da Silva Batista

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